Se ao menos fossem beijinhos
Não eram nem oito da manhã e a velha do sexto andar já fritava aquelas coxinhas mal feitas, que pingavam óleo depois de prontas e que ninguém conseguia comer sem fazer careta.
A velha teve a semana inteira para fritar essas malditas coxinhas, mas não...
deixou para hoje. Justo para hoje. Deixou justo para o único dia que eu posso acordar tarde, sem ser porque eu perdi a hora, sem precisar sentir culpa, sem passar aquela paranóia do tempo:
se vai dar tempo se eu to com tempo e se eu tiver um contratempo será que vou chegar à tempo será que o ônibus vai passar no tempo e se não der tempo meu Deus será que eu tenho tempo e se acabar o tempo e se eu perder o tempo e se mudar o tempo?
E hoje que eu não tinha que pensar em nada, nem nas coisas que eu tinha que fazer ou não fazer, nem na roupa que eu ia vestir, nem no brinco que eu ia usar, nem no que eu ia comer... quero mais é que se dane o que eu vou comer. Vou comer qualquer coisa pronta que me dê vontade quando me der vontade e se me der vontade.
E a velha já fritando as coxinhas aos montes.
Em menos de uma hora ela ia bater na minha porta para eu provar as coxinhas, depois ia passar a manhã indo de porta em porta até que passasse em todos os apartamentos oferecendo as coxinhas, como fazia toda semana.
À troco de quê? De tirar meu sono e estragar a única manhã da semana que eu posso estender até a tarde sem pensar se é de manhã ou de tarde?
Mesmo sabendo que todos odeiam as coxinhas, mesmo sabendo que ela mesma não pode comer coxinhas, mesmo sabendo do excesso de colesterol das coxinhas, mesmo sabendo que toda mulher hoje em dia faz regime, mesmo sabendo de tudo isso ela ainda faz coxinhas.
Ah aquela velha! me tirou o sono e o apetite.
Se ao menos fossem beijinhos.....
A velha teve a semana inteira para fritar essas malditas coxinhas, mas não...
deixou para hoje. Justo para hoje. Deixou justo para o único dia que eu posso acordar tarde, sem ser porque eu perdi a hora, sem precisar sentir culpa, sem passar aquela paranóia do tempo:
se vai dar tempo se eu to com tempo e se eu tiver um contratempo será que vou chegar à tempo será que o ônibus vai passar no tempo e se não der tempo meu Deus será que eu tenho tempo e se acabar o tempo e se eu perder o tempo e se mudar o tempo?
E hoje que eu não tinha que pensar em nada, nem nas coisas que eu tinha que fazer ou não fazer, nem na roupa que eu ia vestir, nem no brinco que eu ia usar, nem no que eu ia comer... quero mais é que se dane o que eu vou comer. Vou comer qualquer coisa pronta que me dê vontade quando me der vontade e se me der vontade.
E a velha já fritando as coxinhas aos montes.
Em menos de uma hora ela ia bater na minha porta para eu provar as coxinhas, depois ia passar a manhã indo de porta em porta até que passasse em todos os apartamentos oferecendo as coxinhas, como fazia toda semana.
À troco de quê? De tirar meu sono e estragar a única manhã da semana que eu posso estender até a tarde sem pensar se é de manhã ou de tarde?
Mesmo sabendo que todos odeiam as coxinhas, mesmo sabendo que ela mesma não pode comer coxinhas, mesmo sabendo do excesso de colesterol das coxinhas, mesmo sabendo que toda mulher hoje em dia faz regime, mesmo sabendo de tudo isso ela ainda faz coxinhas.
Ah aquela velha! me tirou o sono e o apetite.
Se ao menos fossem beijinhos.....
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