Passado.

Sabia que era proibido
e mesmo assim,
entrou em meu mundo
sem minha autorização.

Não tinha a chave,
arrombou a porta.
Não tinha colo e
então caiu em meus braços.
E eu, tola
te acolhi.

Tinha sede,
mas não tinha vergonha.
Bebeu da mesma fonte,
que bebem meus filhos-
meus seios.

Era um intruso,
pois.
Partilhamos da mesma saliva
e dividimos o mesmo colchão.

Naquela noite fria
as crianças choravam,
sentiam medo,
e pavor.

Você deitado sobre meu corpo,
quente com o meu ardor, e
pedindo silêcio,
sussurrava frases de amor.

Tu sabias que eu era fraca,
por isso pediste socorro
e ajoelhado aos meus pés,
imploraste por amor,
e perdão.

Era tarde,
tempo passado.
Sua sede,
aquela noite fria-
passado.

As crianças recém acordadas,
já choravam.
Não havia mais pão,
mais leite
mais nada.
e você,logo cedo, havia me deixado.

Comentários

Anônimo disse…
que maravilha de texto!
é o meu preferido sem sombra de dúvida.

nossa, que ridículo perdi até a palavra que tava já escorrendo pra te dizer.

beijo, te amo, mulher
Anônimo disse…
é lindo. já reli ele várias vezes e sabe o que ele me traz? a pessoa forte que eu sei que você é.
não consigo pensar em mais nada senão em uma mulher decidida quando eu leio esse texto.

e digo que pra mim faz sentido dentro das minhas limitações.

e só de pensar no sentido que faz pra você, faz, por si só, ter mais sentido para mim.

beijo lica
Anônimo disse…
aliás, tenho que falar uma coisa que pensei na viagem.
ontem quando você me disse, baseada nas minhas próprias teorias, que eu estava com uma crise criativa porque deveria estar feliz. (segundo minha tese)
pois é, refazendo a minha teoria, existe outra forma de não produzir, o conformismo (também pode ser entendido como o cansaço de tentar). e acho que é esse que têm me assombrado de uma semana para cá.
péssimo. e nem é por vontade.
Anônimo disse…
mas hoje eu saí dessa.

(réplica ao meu próprio comentário)

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